terça-feira, 31 de outubro de 2017

A leveza do amor


Pra mim o amor não tem que ser leve, o amor é leve.

Se não é leve tem algo errado.

Acredito que o amor seja a união de todos os sentimentos bons que existem. Se tem algo no “amor” te chateando, é porque não é amor. Pode ser a união de vários sentimentos bons, mas tem algum no meio que tá afetando o conjunto. E é quando a gente não percebe essa falha que a gente torna um sentimento tão lindo e puro em algo tão doloroso e tão carregado de cobranças.
Usando como exemplo relacionamentos amorosos, eu acredito que uma das coisas que mais dificultam a plena felicidade de uma relação, é que a gente já entra num relacionamento cheio de expectativa: “ah, meu namorado tem que ir ao cinema comigo aos sábados. Às sextas nós cozinharemos juntos. Aos domingos iremos à casa dos meus avós comer bolo de fubá. Meu namorado vai amar andar de mãos dadas e vai dizer que me ama todos os dias ao acordar e antes de dormir, acompanhado de um beijinho na testa e um cafuné.” E ao viver a vida real você percebe que às vezes seu parceiro é um pouco mais frio, e que suas demonstrações de amor não são exatamente dizer que ama, beijar e fazer cafuné, mas te chamar pra caminhar, conversar sobre algo que vocês gostam muito. E aí você não consegue perceber que cada um tem seu jeito de demonstrar o amor e acha que a pessoa não te ama, ou que ela é insensível. Creio que isso possa ser um gatilho pro despertar, quando você sabe que o amor é leveza e a coisa ta pesada, reflita sobre o assunto. Minha mãe me educou dizendo: quando a situação tá ruim e, mesmo falando com a pessoa a situação não se resolve, pare você pra analisar suas atitudes, porque às vezes o problema está em ti. Não quero incentivar ninguém a mudar, perceba: estou em um relacionamento, meu namorado não atende às minhas expectativas então eu vou me moldar a ele. NÃO, jamais! Você precisa ser feliz. E ser feliz significa ser feliz consigo mesma. Se você está triste porque seu namorado não é quem você queria que fosse, é porque você não esta conseguindo ser feliz sozinha, então se escora no outro como se ele fosse sua bengala da felicidade. Você precisa parar para pensar, e só quando você perceber que o outro está com você pra compartilhar momentos e não dividir nem te fazer feliz é que você vai sentir a leveza do amor. Agora, se você refletir bastante e vir que ainda assim não consegue ser feliz, então saia dessa! Não adianta a gente descobrir o que é o amor de fato se o outro não quer souber e nem quiser saber. O amor não é sacrifício, é compartilhamento. Por isso devemos descobrir que ninguém é responsável pela nossa felicidade, só nós.

Eu acredito que ninguém veio ao mundo pra fazer alguém feliz. Viemos ao mundo para ser feliz e distribuir amor. Se não estamos aqui pra fazer alguém feliz, então a gente não tem que se prender a relacionamentos desgastantes. Atualmente os mais antigos estão numa vibe de falar que “hoje em dia tudo é efêmero”. E é. E é pra ser. No passado se acreditava muito que relacionamentos deveriam durar pra sempre e a gente vê casais de idosos hoje em dia e acha lindo, mas nem imagina o quanto um dos parceiros teve que abrir mão de si e se submeter a tantas manifestações egoicas pra poder se manter nesse relacionamento “feliz”. A gente viveu e ainda vive – mas espero que não por muito tempo – uma época em que a gente se acostuma a viver o desamor como se estivesse tudo bem. E aí a volta das expectativas: “o homem manda e a mulher obedece. Isso é felicidade e a receita pra um relacionamento feliz? Ok.” E então já não sabemos mais o que é felicidade.

Enfim, como sempre um texto sem meio nem fim, sem conclusão, só ideias soltas, mas um desabafo do que eu acredito que seja o mal das relações humanas: a expectativa e a má interpretação do sentimento amor.