terça-feira, 27 de outubro de 2020

Ansiedade

Eu estou ansiosa.

Nesses momentos eu sinto como se o tempo congelasse e eu fosse ficar presa no mesmo instante pro resto da vida. Eu sei que isso é comum na ansiedade, mas enfim.

Eu estou sentada aqui, olhando pro nada, esperando o público das 16h chegar pra aula da academia. Eles chegam meia hora antes e se sentam em minha frente esperando a hora marcada.

A partir desse momento, olhar para eles se torna uma grande tortura e o tempo parece ainda andar pra trás de tão lento.

Eu sinto como se meu peito entrasse num vácuo enorme e por conta disso meu coração explodisse. O desespero de saber que eu não posso tomar nenhum remédio, nem uma atitude que faça com que esses minutos de espera pulem logo para o momento final me dá uma sensação de impotência com a qual eu não aprendi a lidar.

Eu tenho vivido isso nos últimos dias. eu me deito na minha cama e já não tenho mais paciência pra me esperar pegar no sono pra só então chegar ao dia seguinte. Eu quero tomar um remédio pra apagar o mais rápido possível e cortar esses minutos de espera.

E eu acredito que seja essa facilidade que eu encontrei na medicação que tem me deixado com essa dificuldade em esperar. Pois se eu quero dormir e acordar só no dia seguinte, eu posso. Mas agora, durante o trabalho, isso não é possível.

Como então lidar com essa espera infindável?

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Relacionamentos abusivos

Relacionamentos abusivos não são apenas aqueles em que o parceiro já chega "na voadora". Ele pode ser o cara mais lindo e romântico do mundo, mas tem ciúme da sua sombra. Ele chora, diz que não queria sentir ciúme, diz que vai mudar, que o culpado é ele, que ele é o problema.

Nem sempre no relacionamento abusivo o parceiro joga a culpa nas suas costas. Em muitos casos, ele te faz acreditar que ele está doente e que precisa da sua ajuda. E então você fica apática, se afasta dos amigos, deixa de sair pois você quer evitar que ele fique mas. Tudo isso pelo menos até ele melhorar...

Ele não vai te bater. Pelo contrário, ele vai te agradecer! Ele vai te amar, te fazer carícias, e você vai se sentir mal por se sentir presa a ele. Você vai achar mesmo que seu namorado é doente e vai se sentir culpada por as vezes pensar em terminar, porque ele é uma pessoa maravilhosa que só precisa da sua ajuda.

Exato, ele precisa de ajuda. De ajuda profissional. Você tem ligação emocional com esse cara e isso vai te destruir! Vocês dois vão ficar na merda. Se você ama esse cara, não se diminua por ele. Não deixe seus amigos e sua vida de lado para ajudá-lo, isso não vai funcionar! Se você quer ajudar, cuide de você e indique a ele um especialista.

Ele não te bate, não te chama de vagabunda. Mas ele se machuca, se agride, se culpa. Essa é a agressão. Nem todo relacionamento abusivo vem escancarado. Não interessa em quem é a agressão, se você sente que precisa se afastar das coisas que ama para que ele fique bem, algo está errado.

Obs.: Relacionamento abusivo não é "exclusividade" masculina em relacionamentos hétero. Tem muita mulher, hétero e lésbica, abusando e agredindo, física e psicologicamente parceires. O fato de ser mulher não nos isenta de ser "fêmea escrota".

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Esse texto eu escrevi em novembro de 2018 por observar alguns casos em que o parceiro era o "namorado perfeito" e ainda assim era tóxico. Sentia a necessidade de ler em algum lugar algo que as vezes a gente vive mas acha que é coisa da nossa cabeça, porque tudo o que falam sobre esse assunto não se encaixa nas nossas experiencias.


quinta-feira, 16 de julho de 2020

Desafogo

Esse texto faz parte das coisas que eu gostaria que as pessoas soubessem sem que eu precisasse contar.
É algo que sempre me incomodou mas que eu senti ainda mais necessidade de fazer quando meu ex-namorado escreveu um texto que eu assumi como sendo pra mim, no qual ele dizia: eles não te conhecem sem maquiagem.

Desde que comecei a tomar remédio pras minhas crises eu não tenho me sentido triste. No entanto, se esqueço um dia de tomar, elas vêm avassaladoras. Hoje é um desses dias.

Não tenho me sentido bem nos últimos dias. Sempre fui uma pessoa fraca, no quesito saúde. Embora muito forte para algumas coisas, minha pressão, estomago e cabeça sempre foram um problema. Essa semana passei mal três dias seguidos e hoje explodi.

Meus óculos quebraram e, por eu achar que conseguiria consertá-lo, não fui atrás de outro. Por fim, terminei de quebrá-lo e vou ter que marcar uma nova consulta, e fazer um novo óculos - o que me deixa muito chateada, pois eu amava esse; o que me deixa na merda pois eu tenho uma dificuldade desgraçada em ser responsável.

Meu gatinho, do qual estávamos cuidando nos últimos 15 dias, e que já estava dispensado dos remédios que ele tanto odiava, sumiu. Eu sinto um vazio por isso, mas não me tinha permitido entregar à dor (até porque já perdi tantos gatos que isso já não me arrebata mais como antes). Mas hoje foi diferente. A falta dele veio em mim como uma onda. 

Ao pedir pra minha mãe que medisse minha pressão - porque eu definitivamente não entendo como faz isso - notei nela, não por falta de demonstração, que ela estava exausta. Nós aqui em casa temos uma grande dificuldade em demonstrar o quanto amamos alguém, mas muita facilidade em tratar alguém mal com todas as nossas forças. E a nova onda de tristeza me veio novamente. Eu fui um acidente de percurso, e minha mãe sofreu muito comigo, em todos os sentidos possíveis. Ver que ela ainda precisa se dedicar a mim me faz lembrar do quão desnecessária eu sou. Nesse momento não consegui mais conter minhas lágrimas e chorei, mas minha mãe, talvez notando que eu não tava fazendo por mal, apenas me deixou em silêncio.

Eu senti falta de colo e cafuné. 

Pensei em tomar meus remédios, mas decidi que hoje vou dormir e esperar pra acordar melhor amanhã. Estou evitando pensar nos motivos que estão me levando ao pranto hoje e me sinto um tanto quanto vitoriosa por conseguir, uma vez que esses momentos de reflexão me levam a pensamentos autodestrutivos e eu já não quero mais recorrer a eles.

Meu choro hoje é sem sentido. É sem motivo. É um choro de descarrego ao qual eu deveria me permitir vez ou outra já que o remédio inibe esse sentimento que me acompanhou por tanto tempo.

Hoje eu deixei o vazio fazer parte de mim, na tentativa de passar por isso sem me colocar no lugar em que estive nos últimos anos. E tá tudo bem.

Mas o cafuné ainda me faz falta.

Enfim, desabafar faz bem e miopia é uma merda.

Não vou reler hoje e conferir os erros gramaticais. Deixa como um desabafo e tudo bem.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Hipocrisia: falta de caráter ou de autocrítica?

Uma coisa que me questiono há tempos mas que nessa fase de pandemia tem gritado em minha cabeça: as pessoas percebem que estão sendo hipócritas?

Isso é algo que me questiono porém a temática sempre foi outra - a militância.

Apenas para contextualização, eu tento sempre aprender sobre tudo um pouco e sempre ver os dois lados de uma mesma questão. Por exemplo, hoje descobri o termo "frequência afetiva" e descobri que a minha é baixa. Fui atrás da informação e descobri que isso é algo comum e que está tudo bem ser assim. No entanto, enquanto buscava por textos que reforçassem o quão normal era ser assim, me deparei com um que dizia que esse termo é apenas uma mentira para justificar a falta de interesse das pessoas umas nas outras. Não concordo, porém achei interessante ler de alguém que está do outro lado da situação como é conviver com isso.

Dito isso, gostaria apenas de reforçar meus motivos para não ser uma militante e justificar os porquês de eu ficar observando a militância. Acho de extrema importância, porém penso que a necessidade extrema de militar faz com que as pessoas percam um pouco da autocrítica. Existe uma necessidade tão grande em se posicionar fervorosamente sobre algo, que esquecemos de reparar que muitas de nossas atitudes são exatamente iguais àquelas que tanto tentamos combater.

Acho que o principal passo para você lutar contra o machismo, por exemplo, é você reconhecer que, por vivermos em uma sociedade patriarcal, todos nós somos machistas, independente do nosso gênero ou de nosso engajamento nas lutas feministas. Mas reconhecer não significa apenas abrir a boca e proferir essas palavras, e sim observar nossas atitudes e notar nelas a presença do machismo estrutural. E isso é algo que não tenho visto acontecer...

Agora voltando ao assunto pandemia, a questão é a mesma. Tenho visto muitas pessoas postando nas redes sociais: "fiquem em casa", "se eu te vir na rua vou te expor", "parece que só eu to de quarentena", "nossa, meu vizinho tá dando festa na casa dele"... mas as mesmas pessoas que bradam essas frases têm ido passear na praça sem máscara pra tirar foto com a filha que chegou do exterior, têm ido à casa de um amigo, têm ido de madrugada passear na rua com a namorada, tem ido ao motel com algum casinho. E aí?

O isolamento social consiste em ficar na sua residência na companhia daqueles com os quais há o convívio domiciliar. Se a pessoa mora sozinha, deve ficar sozinha. Não importa se sua mãe mora na casa ao lado. Se mora com os pais, deve ficar com eles, e não na casa do amigo. Não importa se é com uma ou com dez pessoas, a pessoa está furando a quarentena! Então não adianta nada querer denunciar o vizinho, se a pessoa está saindo de casa pra encontrar outrem.

E é depois de observar isso acontecendo todos os dias, com inúmeras pessoas que eu comecei a me questionar: essas pessoas sabem que estão sendo hipócritas? Ou elas realmente acham que elas estão certas e os outros errados?

Enfim...

terça-feira, 23 de junho de 2020

Menstruar

Eu não gosto de menstruar, mas como é algo que eu não tenho como evitar, a mim me cabe aceitar, entender e conviver da forma mais pacífica possível.
O sangue menstrual não é sujo. É a purificação.
Não sou dessas ~místicas~ num geral, mas confesso que quando penso nas coisas como uma questão cíclica e divina, passo a entender e a me sentir mais alegre e mais conectado com o todo.
Com a menstruação não é diferente. Eu sempre achei bonito o sangue escorrendo mas nunca tive fluxo pra isso. Hoje mudei meu método de coleta e posso ver esse sangue fluir em maior quantidade e confesso que me apaixono a cada banho. Passo o dia estressada com o fluxo, a sensação dele descendo pelo meu canal vaginal, o sangue no papel higiênico todas as vezes em que preciso ir ao banheiro. Mas quando entro no banho e vejo aquele vermelho vivo escorrendo pelo chão, eu me emociono. Parece banal, e quando eu vejo com meus olhos preconceituosos eu me envergonho, mas eu gosto demais dessa visão. Eu gosto dessa conexão, eu gosto de imaginar como a natureza é perfeita em todas as suas formas e fico ali, olhando aquele sangue correr com um sorriso no rosto, agradecendo por poder vivenciar essa experiência naquele momento (naquele momento mesmo, uma vez que assim que eu me secar e vestir o stress retorna, rs).