quinta-feira, 16 de julho de 2020

Desafogo

Esse texto faz parte das coisas que eu gostaria que as pessoas soubessem sem que eu precisasse contar.
É algo que sempre me incomodou mas que eu senti ainda mais necessidade de fazer quando meu ex-namorado escreveu um texto que eu assumi como sendo pra mim, no qual ele dizia: eles não te conhecem sem maquiagem.

Desde que comecei a tomar remédio pras minhas crises eu não tenho me sentido triste. No entanto, se esqueço um dia de tomar, elas vêm avassaladoras. Hoje é um desses dias.

Não tenho me sentido bem nos últimos dias. Sempre fui uma pessoa fraca, no quesito saúde. Embora muito forte para algumas coisas, minha pressão, estomago e cabeça sempre foram um problema. Essa semana passei mal três dias seguidos e hoje explodi.

Meus óculos quebraram e, por eu achar que conseguiria consertá-lo, não fui atrás de outro. Por fim, terminei de quebrá-lo e vou ter que marcar uma nova consulta, e fazer um novo óculos - o que me deixa muito chateada, pois eu amava esse; o que me deixa na merda pois eu tenho uma dificuldade desgraçada em ser responsável.

Meu gatinho, do qual estávamos cuidando nos últimos 15 dias, e que já estava dispensado dos remédios que ele tanto odiava, sumiu. Eu sinto um vazio por isso, mas não me tinha permitido entregar à dor (até porque já perdi tantos gatos que isso já não me arrebata mais como antes). Mas hoje foi diferente. A falta dele veio em mim como uma onda. 

Ao pedir pra minha mãe que medisse minha pressão - porque eu definitivamente não entendo como faz isso - notei nela, não por falta de demonstração, que ela estava exausta. Nós aqui em casa temos uma grande dificuldade em demonstrar o quanto amamos alguém, mas muita facilidade em tratar alguém mal com todas as nossas forças. E a nova onda de tristeza me veio novamente. Eu fui um acidente de percurso, e minha mãe sofreu muito comigo, em todos os sentidos possíveis. Ver que ela ainda precisa se dedicar a mim me faz lembrar do quão desnecessária eu sou. Nesse momento não consegui mais conter minhas lágrimas e chorei, mas minha mãe, talvez notando que eu não tava fazendo por mal, apenas me deixou em silêncio.

Eu senti falta de colo e cafuné. 

Pensei em tomar meus remédios, mas decidi que hoje vou dormir e esperar pra acordar melhor amanhã. Estou evitando pensar nos motivos que estão me levando ao pranto hoje e me sinto um tanto quanto vitoriosa por conseguir, uma vez que esses momentos de reflexão me levam a pensamentos autodestrutivos e eu já não quero mais recorrer a eles.

Meu choro hoje é sem sentido. É sem motivo. É um choro de descarrego ao qual eu deveria me permitir vez ou outra já que o remédio inibe esse sentimento que me acompanhou por tanto tempo.

Hoje eu deixei o vazio fazer parte de mim, na tentativa de passar por isso sem me colocar no lugar em que estive nos últimos anos. E tá tudo bem.

Mas o cafuné ainda me faz falta.

Enfim, desabafar faz bem e miopia é uma merda.

Não vou reler hoje e conferir os erros gramaticais. Deixa como um desabafo e tudo bem.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Hipocrisia: falta de caráter ou de autocrítica?

Uma coisa que me questiono há tempos mas que nessa fase de pandemia tem gritado em minha cabeça: as pessoas percebem que estão sendo hipócritas?

Isso é algo que me questiono porém a temática sempre foi outra - a militância.

Apenas para contextualização, eu tento sempre aprender sobre tudo um pouco e sempre ver os dois lados de uma mesma questão. Por exemplo, hoje descobri o termo "frequência afetiva" e descobri que a minha é baixa. Fui atrás da informação e descobri que isso é algo comum e que está tudo bem ser assim. No entanto, enquanto buscava por textos que reforçassem o quão normal era ser assim, me deparei com um que dizia que esse termo é apenas uma mentira para justificar a falta de interesse das pessoas umas nas outras. Não concordo, porém achei interessante ler de alguém que está do outro lado da situação como é conviver com isso.

Dito isso, gostaria apenas de reforçar meus motivos para não ser uma militante e justificar os porquês de eu ficar observando a militância. Acho de extrema importância, porém penso que a necessidade extrema de militar faz com que as pessoas percam um pouco da autocrítica. Existe uma necessidade tão grande em se posicionar fervorosamente sobre algo, que esquecemos de reparar que muitas de nossas atitudes são exatamente iguais àquelas que tanto tentamos combater.

Acho que o principal passo para você lutar contra o machismo, por exemplo, é você reconhecer que, por vivermos em uma sociedade patriarcal, todos nós somos machistas, independente do nosso gênero ou de nosso engajamento nas lutas feministas. Mas reconhecer não significa apenas abrir a boca e proferir essas palavras, e sim observar nossas atitudes e notar nelas a presença do machismo estrutural. E isso é algo que não tenho visto acontecer...

Agora voltando ao assunto pandemia, a questão é a mesma. Tenho visto muitas pessoas postando nas redes sociais: "fiquem em casa", "se eu te vir na rua vou te expor", "parece que só eu to de quarentena", "nossa, meu vizinho tá dando festa na casa dele"... mas as mesmas pessoas que bradam essas frases têm ido passear na praça sem máscara pra tirar foto com a filha que chegou do exterior, têm ido à casa de um amigo, têm ido de madrugada passear na rua com a namorada, tem ido ao motel com algum casinho. E aí?

O isolamento social consiste em ficar na sua residência na companhia daqueles com os quais há o convívio domiciliar. Se a pessoa mora sozinha, deve ficar sozinha. Não importa se sua mãe mora na casa ao lado. Se mora com os pais, deve ficar com eles, e não na casa do amigo. Não importa se é com uma ou com dez pessoas, a pessoa está furando a quarentena! Então não adianta nada querer denunciar o vizinho, se a pessoa está saindo de casa pra encontrar outrem.

E é depois de observar isso acontecendo todos os dias, com inúmeras pessoas que eu comecei a me questionar: essas pessoas sabem que estão sendo hipócritas? Ou elas realmente acham que elas estão certas e os outros errados?

Enfim...